Novembro 1º, dia de Todos os Santos, por volta das 9h30, um terramoto atingiu Lisboa, enterrando milhares de pessoas sob prédios colapsados por toda a cidade. Mas o evento em questão não diz respeito ao dia de hoje. Aconteceu há 267 anos, em 1755, e não foi apenas um terramoto; também desencadeou incêndios e um terrível tsunami.
Lisboa foi destruída, mas algo incrível emergiu da catástrofe.
Na altura, Portugal era uma metrópole cosmopolita, capital de um império colonial global que se estendia por África (Angola, Moçambique e Cabo Verde), Ásia (Goa e Macau), e, claro, América Latina (Brasil).
Como resultado da fortuna das suas colónias, Portugal tornou-se um reino muito rico e poderoso.
O terramoto fez com que o país perdesse metade dos seus rendimentos anuais, bem como o seu capital e o seu papel vital no comércio global.
Para celebrar o dia de Todos os Santos, muitos moradores encontravam-se em igrejas quando o primeiro dos três tremores aconteceu, avaliados em 8, 5 e 9 na escala de Richter.
As velas, acesas para comemorar o feriado religioso, causaram incêndios que se espalharam com o vento e ultrapassaram os 1000 graus Celsius.
O terramoto provocou ainda um terrível tsunami que atingiu os portos de Lisboa uma hora e meia depois. Os sobreviventes da primeira tragédia concentravam-se na praça do Rossio, perto do rio Tejo, quando vários metros de água os arrastaram para o mar, provocando milhares de mortes.
Uma nova forma de pensar
O terramoto de Lisboa foi um momento decisivo na história europeia porque foi a primeira vez em que as pessoas questionaram as causas e a natureza das catástrofes naturais. O terramoto afastou Deus e levou a que fossem consideradas causas naturais para estes desastres.
Aliás, o terramoto de 1 de novembro de 1755 deu origem à sismologia, a ciência que estuda a atividade geológica do planeta, e cujo impulsionador foi o Marquês de Pombal, o braço direito do rei D. José aquando do incidente.
O Marquês de Pombal foi também responsável pela reconstrução da cidade. Assegurou que as estradas sinuosas e estreitas eram substituídas por grandes avenidas num esforço para facilitar as atividades de evacuação e combate a incêndios em futuras catástrofes, contribuindo para a Lisboa que todos conhecemos e amamos.